quinta-feira, novembro 23

Divagando com Marcelo

Acabo de sair do banheiro.

Geralmente, quando cago, largo também pela latrina, além da bosta, muita coisa que sai da cabeça. Fico pensando sobre assuntos variados. Desde minha viagem pra Europa que estou programando, até o jogo do Barça que acabei de assistir.

Hoje resolvi dar uma cagada cultural. Já que estava sozinho em casa, deixei a porta aberta pra poder ouvir o som do The Kings of Convenience que tava rolando no meu media player. Além disso, peguei um livro do Marcelo Rubens Paiva que tava na fila, encostado na cabeceira há séculos, esperando eu destravar e conseguir terminar Crime e Castigo, do tio Fiódor. Ô cara que escreve truncado.

Já na privada, comecei a ler Feliz Ano Velho. Minha mãe indicou (e me deu) o livro logo depois que sofri um acidente de carro. Só lembrei o motivo do presente hoje, quando, na hora de limpar o rabo, tive que repousar o livro no chão, aberto, com as páginas viradas para baixo de modo a não desmarcar o ponto em que parei. Comecei a ler, de pescoço meio esticado e olhos semicerrados (sou míope), algumas críticas na contracapa. Uma das passagens era algo assim: “... Marcelo não perdeu a paixão pela vida.”. Então lembrei da frase de MSN que acompanhava o nick de uma amiga com quem acabara de conversar: “O tolo busca felicidade, o sábio evita o sofrimento”. Tem a ver com paixão pela vida. E eu disse a ela que não concordava, que a frase deveria ser o oposto. Sábio é aquele para quem não basta apenas não sofrer. Tem mesmo é que buscar a felicidade! Só não ser triste é um saco. O negócio é ser feliz.

Aí já fiquei puto comigo mesmo, porque a cagada cultural tinha ido por água abaixo (perdão pelo trocadilho) e virado apenas mais uma de minhas divagações banheirísticas.

É por isso que eu odeio limpar o rabo. Além de ser muito desagradável apalpar o ânus, você tem que parar a leitura, e muitas das vezes é numa parte super interessante. Aí você pensa na famosa lei de Murphy. Quando vai pro banheiro sem nada pra ler, a bosta demora anos pra sair. Já quando está interessadíssimo no livro, revista ou jornal, parece que o fundo da privada tem um ímã merdístico. Em menos de um minuto, serviço encerrado. Pronto, leitura interrompida pra limpar a merda do rabo! Literalmente...

Agora deixa eu voltar pra minha leitura. Dessa vez, na sala mesmo.

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