sábado, fevereiro 9

Carta que qualquer mulher sonha receber de um homem*

Eu já sabia, mesmo antes de tentar, que a tentativa seria nula. Não te doarias muito mais que eu, mesmo a minha doação sendo agora consciente, portanto, ínfima. Mas, insinuante, me fizeste acreditar que eram promessas aqueles jogos de solidão que descontavam teus ciúmes e a tua insegurança.

Encarando tuas bochechas frias e teus olhos vagos, lutando contra minha vontade de fugir, hoje, totalmente teu, aqui confesso: prefiro jogar teus jogos a praticar qualquer esporte individual.

Assim como falei àquele samba que guardei no bolso da minha camisa azul xadrez, escrito em comprovantes de venda a débito, composto dentro de três doses de Claudionor, e mais que o triplo das de Original ou outra qualquer:


“Meu amor é uma puta

Que se vende ao primeiro olhar teu.

Teu amor raso, sem promessas,

No máximo de insinuações.


Não sei se me vendo ou me rendo,

Pois teu amor não vale nada.

E eu te compro mesmo assim.


Te compro caro,

Me vendo por nada,

Mas jogo teus jogos

De brincar de ser teu.”


Um dia eu almejei um teu abraço como um meu, com amor e com sabor, e uma certa iniciativa.

E, burro, ainda te amo. Vem.


*Para descontar as noites de Cosmopolitan e lágrimas que nós, homens – sim, nós sabemos – as fazemos passar.