Acabo de assistir O Cavaleiro das Trevas. Puta que pariu. O Heath Ledger tá muito bom. Juro que queria que ele matasse o Batman, o prefeito e o Comissário Gordon (que mais parece o Ned Flanders).
O mundo precisa de um pouco de anarquia, de fuzarca, de algazarra.
Vamos destruir os radares nas vias públicas, fazer gatos na TV a cabo, levantar a saia da freira e aplaudir o pontapé do Valdívia no Gilberto Silva! Que graça tem fazer a barba, declarar imposto de renda, ser vegetariano e adotar um africano?
Até o Galvão Bueno já entendeu o recado. Diz que o Brasil anda jogando “um futebol muito pragmático, né, Falcão?” e manda o Robinho pedalar pra cima deles. O Lula também está fazendo sua parte. Aparece de camiseta e boné na TV, toma sua cachacinha e não está nem aí para a Língua Portuguesa.
E o que acontece com eles? Rejeição. O povo quer acabar com os vilões, encarna o Batman chatão e vai para as ruas e para o Orkut gritar “fora Lula” e “eu odeio o Galvão Bueno”. Tá errado.
Precisamos de mais rebeldes, sejam eles sem causas ou sem calças. Não ao terno! Sim ao bundalelê!
Eu apóio o Coringa para presidente (o Lula pode ser vice). Ele reconhece que é louco, ama o que faz e quer proporcionar um pouco de diversão a todo mundo.
Temos que reconhecer que seriedade e responsabilidade não levam a lugar algum. Quer dizer, a um: stress. Vamos levantar a bandeira da loucura, que é mais leve e descontraída.
Quer uma prova de que ser maluco é mais legal? O que fez o Heath Ledger quando deixou de ser Coringa? Pois é. Que pena.
terça-feira, setembro 9
segunda-feira, setembro 8
Dei pra ouvir bolero.
A opção pelo verbo de duplo sentido foi proposital, pois confesso – a despeito das pregas ainda e por toda a eternidade intactas – que sempre achei o bolero um estilo musical no mínimo um tantinho afeminado (o famoso meio gay).
Na tentativa de arrancar uma explicação para o recente fato inusitado, investi num mergulho profundo ao meu eu lírico e analisei as possibilidades mais prováveis: estou mais sensível (ui!); estou apaixonado (ai!); estou velho (fudeu!)?
Ainda influenciado pelos sites céticos que andei freqüentando ultimamente, resolvi analisar todos os fatores supracitados fria e cientificamente, de modo a ser imparcial e totalmente franco comigo e com meu quase-a-se-comprovar ateísmo. Analisei-os segundo as proposições abaixo:
I - da sensibilidade
Pergunta: Pode um sujeito sensível não se abalar ao ver a desgraça alheia nas ruas e nos telejornais?
Resposta: Ri da queda do Diego Hipolyto e esnobei um pedinte esses dias num boteco da Augusta.
Veredicto: Hipótese I derrubada. Definitivamente, não sou sensível.
II - da paixonite
Pergunta: Pode um sujeito apaixonado ouvir quaisquer outros estilos musicais que não o representado tão romanticamente por Luis Miguel e Cia?
Resposta: Minha namorada, a quem eu amo e, por sua vez, também me ama, tem seis tatuagens e canta Cindy Lauper e Patrícia Marx no banheiro.
Veredicto: Hipótese II faz certo sentido. Patrícia Marx é quase tão brega quanto Luis Miguel. Ainda assim, hipótese derrubada.
III – da maturidade
Pergunta: Pode um sujeito jovem não se contentar com a riqueza musical e a abundância de talento apresentadas pelas bandas contemporâneas?
Resposta: Não chego a apelar para CPM 22 e Nx Zero, mas aprecio algumas bandas novas e odeio quem sustenta o clichê “não se faz mais músicas como antigamente”.
Veredicto: Apesar da queda de cabelo e de lembrar-me do Genius e do Lango-lango, ainda não estou (tão) velho. Hipótese III derrubada.
Após a maratona Myth-Busters, a um passo de concluir que minha bolerice (quase confundível com boiolice) era inexplicável, veio-me a luz. Não a azul, proveniente do som do carro que expulsava os primeiros versos de No Me Platiques Más pelos alto falantes, mas a luz do esclarecimento. As razões do fenômeno músico-comportamental eram, na verdade, três: um pen drive barato, excesso de confiança e uma rodovia duplicada vazia.
Uma semana antes, no Paraguay, paraíso dos importados para os desprovidos de 25 de Março que moram no Mato Grosso do Sul, perguntei a uma simpática vendedora quanto custava aquele state-of-the-art pen drive de 16 gigabytes. “En reales sale por ochenta y cinco, señor”. Como diria Armando Volta, comprei-o-o.
Já em casa, conectei-o-o ao laptop e carreguei-o-o com 16 giga de músicas modernas e descoladas. Estava eu preparado para minha viagem a São Paulo que faria no dia seguinte. Senti-me um explorador salvaguardado por seu canivete suíço. Pluguei o dito cujo ao som do carro e parti rumo à minha aventura.
Chegando a Água Clara, o pen drive pifou. Merda. Depois de uma longa e mal sucedida tentativa de ajeitar-me com as rádios, e de condenar-me pela burrice de confiar tanto na minha maravilha tecnológica adquirida nas bandas do “la garantia soy yo”, iniciei a busca por algo que me salvasse do martírio de dirigir sozinho pela Marechal Rondon. Pista duplicada, sem defeito, sem outros carros, sem curvas. Sem som.
Eis que abaixo o quebra-sol e, naquele porta-CDs que ninguém lembra que tem, nem mesmo na hora de tirar as bugigangas do carro antes de deixar no lava-jato, lá estava ele. Não era o Chapolim Colorado, mas era o que poderia, com não tanta astúcia, me defender naquele instante: o CD de boleros da minha mãe.
Esta, simples assim, é a explicação sobre como comecei a ouvir bolero. Só falta descobrir agora por que continuei. Talvez seja a idade. Talvez a paixão. Ou, vá lá, talvez eu esteja um pouco sensível.
Ah, já ouviu aquela ótima que começa assim “La puerta se cerró detrás de ti...”? Eu até choro. De amor, meu velho.
Na tentativa de arrancar uma explicação para o recente fato inusitado, investi num mergulho profundo ao meu eu lírico e analisei as possibilidades mais prováveis: estou mais sensível (ui!); estou apaixonado (ai!); estou velho (fudeu!)?
Ainda influenciado pelos sites céticos que andei freqüentando ultimamente, resolvi analisar todos os fatores supracitados fria e cientificamente, de modo a ser imparcial e totalmente franco comigo e com meu quase-a-se-comprovar ateísmo. Analisei-os segundo as proposições abaixo:
I - da sensibilidade
Pergunta: Pode um sujeito sensível não se abalar ao ver a desgraça alheia nas ruas e nos telejornais?
Resposta: Ri da queda do Diego Hipolyto e esnobei um pedinte esses dias num boteco da Augusta.
Veredicto: Hipótese I derrubada. Definitivamente, não sou sensível.
II - da paixonite
Pergunta: Pode um sujeito apaixonado ouvir quaisquer outros estilos musicais que não o representado tão romanticamente por Luis Miguel e Cia?
Resposta: Minha namorada, a quem eu amo e, por sua vez, também me ama, tem seis tatuagens e canta Cindy Lauper e Patrícia Marx no banheiro.
Veredicto: Hipótese II faz certo sentido. Patrícia Marx é quase tão brega quanto Luis Miguel. Ainda assim, hipótese derrubada.
III – da maturidade
Pergunta: Pode um sujeito jovem não se contentar com a riqueza musical e a abundância de talento apresentadas pelas bandas contemporâneas?
Resposta: Não chego a apelar para CPM 22 e Nx Zero, mas aprecio algumas bandas novas e odeio quem sustenta o clichê “não se faz mais músicas como antigamente”.
Veredicto: Apesar da queda de cabelo e de lembrar-me do Genius e do Lango-lango, ainda não estou (tão) velho. Hipótese III derrubada.
Após a maratona Myth-Busters, a um passo de concluir que minha bolerice (quase confundível com boiolice) era inexplicável, veio-me a luz. Não a azul, proveniente do som do carro que expulsava os primeiros versos de No Me Platiques Más pelos alto falantes, mas a luz do esclarecimento. As razões do fenômeno músico-comportamental eram, na verdade, três: um pen drive barato, excesso de confiança e uma rodovia duplicada vazia.
Uma semana antes, no Paraguay, paraíso dos importados para os desprovidos de 25 de Março que moram no Mato Grosso do Sul, perguntei a uma simpática vendedora quanto custava aquele state-of-the-art pen drive de 16 gigabytes. “En reales sale por ochenta y cinco, señor”. Como diria Armando Volta, comprei-o-o.
Já em casa, conectei-o-o ao laptop e carreguei-o-o com 16 giga de músicas modernas e descoladas. Estava eu preparado para minha viagem a São Paulo que faria no dia seguinte. Senti-me um explorador salvaguardado por seu canivete suíço. Pluguei o dito cujo ao som do carro e parti rumo à minha aventura.
Chegando a Água Clara, o pen drive pifou. Merda. Depois de uma longa e mal sucedida tentativa de ajeitar-me com as rádios, e de condenar-me pela burrice de confiar tanto na minha maravilha tecnológica adquirida nas bandas do “la garantia soy yo”, iniciei a busca por algo que me salvasse do martírio de dirigir sozinho pela Marechal Rondon. Pista duplicada, sem defeito, sem outros carros, sem curvas. Sem som.
Eis que abaixo o quebra-sol e, naquele porta-CDs que ninguém lembra que tem, nem mesmo na hora de tirar as bugigangas do carro antes de deixar no lava-jato, lá estava ele. Não era o Chapolim Colorado, mas era o que poderia, com não tanta astúcia, me defender naquele instante: o CD de boleros da minha mãe.
Esta, simples assim, é a explicação sobre como comecei a ouvir bolero. Só falta descobrir agora por que continuei. Talvez seja a idade. Talvez a paixão. Ou, vá lá, talvez eu esteja um pouco sensível.
Ah, já ouviu aquela ótima que começa assim “La puerta se cerró detrás de ti...”? Eu até choro. De amor, meu velho.
Assinar:
Postagens (Atom)